23/07/2024 às 09h21min - Atualizada em 23/07/2024 às 09h21min

Raquel Kochhann e Isaquias Queiroz serão porta-bandeiras do Brasil na Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024

De forma inédita, rúgbi terá uma porta-bandeira em missões do Time Brasil

Extra
Rachel Kochhann e Isaquias Queiroz serão os porta-bandeiras do Brasil em Paris — Foto: Gaspar Nóbrega/COB e Miriam Jeske/COB
Primeira atleta brasileira a disputar os Jogos Olímpicos após se recuperar de um câncer, Raquel Kochhann foi escolhida porta-bandeira do Brasil na Cerimônia de Abertura de Paris 2024, marcada para esta sexta-feira, 26, às 19h30 (14h30 no horário de Brasília), no Rio Sena. O anúncio oficial foi realizado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) na noite desta segunda, 22, e a atleta da seleção feminina de rugby sevens dividirá a honraria com Isaquias Queiroz, da canoagem.


“Essa sensação de levar a bandeira para o mundo inteiro ver em uma Cerimônia de Abertura é algo que não consigo explicar em palavras. Trabalhamos muito no Brasil para que o rugby cresça e ganhe seu espaço. Sabemos que a realidade do nosso esporte não é ter uma medalha de ouro por enquanto, apesar de termos esse sonho. Mas sempre vi que quem carrega essa bandeira tem uma história incrível e representa uma grande conquista”, celebra Raquel.

Dono de quatro medalhas olímpicas, incluindo um ouro em Tóquio 2020, no C1 1000m (prova que voltará a disputar na França, bem como a C2 500m), Isaquias vai a Paris mais cedo para participar da cerimônia. Ele está treinando em Portugal, para o qual retornará depois do evento. Finalizará sua preparação e voltará a Paris na segunda semana para competir.

— Os porta bandeiras vão estar num barco, no Sena. Então, tem toda a referência com a canoagem, comigo, com a minha trajetória — disse Queiroz à TV Globo.

A luta e a reviravolta de Raquel

Aos 31 anos, Raquel encarou um ciclo olímpico dos mais complicados. Pouco antes dos Jogos de Tóquio, em 2021, observou um caroço na mama e chegou a se consultar com os médicos do Time Brasil durante a competição. Fez exames e, até então, nada de anormal foi detectado. Porém, menos de um ano depois, a jogadora recebeu duas péssimas notícias: a primeira é que havia rompido o ligamento cruzado anterior do joelho direito na última etapa do Circuito Mundial, em Toulouse (França); e a segunda é que o caroço havia dobrado de tamanho. Após realizar biópsia, foram detectadas células cancerígenas que já estavam, inclusive, em metástase no osso do esterno.

Raquel ficou praticamente dois anos afastada dos gramados, mas não parou de treinar durante o tratamento. Realizava exercícios adaptados e permanecia junto ao grupo para fortalecer o aspecto mental. Ao passar pela mastectomia bilateral, a jogadora precisou tomar outra decisão importante: não colocar próteses mamárias. Além de aumentar o tempo de recuperação, havia ainda o risco de rejeição à prótese, o que já havia ocorrido com a mãe, Vera, que enfrentou um câncer de mama quando Raquel tinha 15 anos.

“Nunca vi nada parecido na minha vida. A Raquel mostrou uma força incrível neste período, vinha treinar todos os dias mesmo durante o tratamento. E, quando não estava treinando, ajudava a equipe da forma que podia: filmando as atividades, levando água para as companheiras ou motivando a equipe. É um exemplo para todos nós”, afirma o treinador da seleção feminina, Will Broderick.

O retorno às competições ocorreu somente em dezembro de 2023, quando defendeu o Charrua Rugby Clube (RS) no Campeonato Brasileiro. Um mês depois, veio a notícia mais aguardada de todas: Raquel havia sido convocada pela seleção brasileira para disputar a terceira etapa do Circuito Mundial, em Perth (Austrália). A partir de então, a camisa 10 rapidamente voltou a ser peça-chave na equipe e, em junho, assegurou sua vaga em Paris 2024.

“A Raquel é uma inspiração para o Rugby e carrega consigo os valores do nosso esporte: disciplina, respeito, integridade, paixão e solidariedade. Todo jogador busca colocá-los em prática dentro e fora de campo. Durante a recuperação, a Raquel sempre se apoiou nestes valores, mostrando ser uma representante genuína da modalidade”, diz a CEO da Confederação Brasileira de Rugby, Mariana Miné.

O rugby sevens foi introduzido ao programa olímpico nos Jogos Rio 2016, e o Brasil esteve presente em todas as edições do torneio feminino. Raquel é uma das únicas duas atletas a atingir as três participações, assim como a capitã Luiza Campos. As Yaras, como é conhecida a seleção nacional, chegam a Paris após uma histórica campanha no Top 10 do Circuito Mundial.

O Brasil está no Grupo C dos Jogos Olímpicos e estreia contra a anfitriã França, no dia 28 de julho, às 17 horas (12h no horário de Brasília). Três horas mais tarde, é a vez de encarar os Estados Unidos. A seleção encerra sua participação na fase de grupos no dia 29, às 15h (10h de Brasília), contra o Japão. Caso termine nas duas primeiras posições da chave ou entre os dois melhores terceiros colocados de todos os grupos, a equipe avança às quartas de final. Todas as partidas serão realizadas no Stade de France.

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Comentar

*Ao utilizar o sistema de comentários você está de acordo com a POLÍTICA DE PRIVACIDADE do site https://correiomanauara.com.br/.